O professor Seiji Isotani conta um pouco de como está sendo esse tempo de quarentena. Além disso, traz alguns questionamentos importantes.
"Nesse período de pandemia, temos uma jornada quádrupla: cuidar do trabalho, cuidar da família, cuidar da casa e cuidar de si mesmo.
Como tudo na vida, podemos lidar com as atividades pensando no copo meio cheio ou no copo meio vazio.
Se por um lado, nosso tempo para trabalhar se torna mais limitado, por outro lado, ficamos muito mais eficientes para resolver os desafios. Ficamos mais criativos, mais flexíveis, mais tolerantes e mais abertos. O que antes era visto como uma coisa negativa (e.g. dar aulas online) agora se torna a saída para lidar com as restrições do nosso dia-a-dia e, mais que isso, percebe-se que as velhas práticas podem ser melhoradas utilizando novas tecnologias e abordagens pedagógicas. Quem diria! E coisas que eram tomadas como certas, não são!
A realidade se impõe sobre nossas próprias bolhas.
No caso das aulas online, o que antes era tomado como certo, i.e. os alunos terem acesso a internet em casa, parece não ser verdade quando a realidade bate a nossa porte: pelo menos 10% dos nossos alunos não tem internet de boa qualidade em casa; Esse número chega a 50% em alguns cursos de universidade federais e por isso muitas federais cancelaram o semestre (e.g. UnB).
Esse choque de realidade nos ajuda a lembrar que a diversidade faz parte do DNA da universidade. E que a criatividade faz parte do DNA de um professor-pesquisador.
Hipotetizar, testar, errar, aprender, deveriam fazer parte de todo o processo universitário. A pandemia reforçou minha crença que a Universidade deve ser sempre um local de inovação, em plena construção!! Precisamos ser os primeiros a inovar nos currículos, nas práticas de ensino, nas formas de fazer reunião, de tomar decisão, de dialogar, de entender o contraditório, de opinar sem agredir, e de entender que o mundo sempre tem dois lados e ambos devem e podem coexistir!
A pandemia também me lembrou que o mais importante é a família, em tempos de crise, nosso pilar familiar é o que dá sustentação psicológica, emocional e motivacional para mantermos ativos e se preparando para dias ainda mais difíceis que estão pela frente.
Nessa situação, estou tentando ser o pilar que direciona o crescimento da minha pequena filha, Megumi, que vai completar 3 anos agora em Maio. Entre reuniões, escritas de artigos e trocas de lixo da casa, estou a maior parte do tempo tentando ajudá-la a crescer feliz, forte, saudável e consciente, mesmo estando isolada do ambiente social. Parece estar funcionando :-) ... e a emoção de ver ela crescer é indescritível. Mas pra falar sobre isso seria um romance por si só que, algum dia, terei o prazer de escrever. Só para ter um gostinho, compartilho com vocês alguns vídeos da filhota.
Espero poder rever todos os colegas da comunidade USP em breve, com saúde e muitas histórias para contar".
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